Um clássico da infância de
meus pais está de volta numa bela versão cinematográfica.
Já
estava nos meus planos assistir ao novo longa da equipe de Piratas do Caribe,
mas as eventualidades vieram e confesso que não fiz muito esforço para
driblá-las quando para cada canto que olhava eu via alguém criticando o filme
de maneira negativa. Entretanto,
após ter assistido, digo que valeu a pena.
A história é narrada por
Tonto (Johnny Depp), o lendário índio hapache de cara pintada que viveu
centenas de aventuras ao lado do cavaleiro solitário. Tonto é uma obra de museu
do ano de 1930 que ganhou vida e começou a contar sua história a um garotinho...
Há muito anos, quando Tonto
era um garoto, ele deu a localização de um riacho cheio de prata para dois
homens brancos em troca de um relógio. Uma troca que (segundo o próprio
personagem, no fim do filme) não foi nada boa, visto que para proteger a
localização da prata os homens brancos mataram toda a sua tribo, fazendo aquele
pequeno índio jurasse para si mesmo que iria fazer justiça...
Justiça, também conhecida
como vingança, que quase aconteceu no começo do filme, quando, presos em um
trem, Tonto quase matou Butch
Cavendish (William Fichtner), o
até então bandido mais procurado da cidade, que também estava atrás da prata.
Entretanto, quando estava prestes a puxar o gatilho, ele foi impedido pela justiça,
literalmente, um promotor de justiça, John Reid (Armie Hammer), que estava
voltando do Texas para sua terra natal, impediu que Tonto matasse Butch,
alegando que ele deveria ser julgado pela justiça.
Mal sabia John, o futuro
Cavaleiro Solitário, o quanto isso o custaria! Os Rangers, homens que, com uma
estrela no peito “combatiam” o mal, liderados pelo irmão mais forte, corajoso e
destemido de John, foram atrás de Butch buscando justiça pela morte de dois
Rangers em sua fuga (a de Butch) do trem, mas, todos os Rangers, inclusive o
novato, John Reid, que foi junto, e seu irmão, foram exterminados por Butch e
um bando de foras da lei.
E foi então que começou a
odisséia do Cavaleiro Solitário e Tonto por justiça, embasados em conceitos
diferentes de justiça, isso é verdade, mas o que não falou na história eram
razões para lutar.
Além do terrível Butch
Cavendish, que chegou a comer o coração do irmão de John após matá-lo, a
história nos apresentou outro vilão, o personagem vivido por Tom Wilkisson, que
era uma espécie de empresário que armou um plano miraculoso com Butch para que
todos pensassem que os apaches haviam atacados os homens brancos, podendo eles,
então, atacarem de volta sua tribo e, além de obter toda a prata, estender a
ferrovia intercontinental para o futuro e o progresso no território
indígena!
E acredito que este foi um
dos problemas do filme, talvez tenha sido uma trama muito complicada para um
simples filme de faroeste, mas
eu, particularmente, gostei!
Algo que devo concordar que
foi “irritante” no filme, foi a constante tentativa do Cavaleiro Solitário de
se mostrar um homem justo. Na verdade, em alguns momentos, sua insistência em
não usar sua arma beirava a imbecilidade, tendo esta atitude lhes causado
diversos problemas no decorrer do filme.
Johnny Depp novamente foi
Johnny Depp, o que, aliás, apesar desta frase parecer redundante, é o que ele
sabe ser! Nos últimos anos, se você perguntasse a alguém “Quais são seus atores
preferidos?” com toda certeza Johnny Depp estaria ao menos entre os três em
mais de 90% dos casos, principalmente para os jovens. E ninguém pode negar,
apesar da extensa carreira de sucesso do ator, que o capitão Jack Sparrow e a
saga Piratas do Caribe contribuiu para isso, e muito! Foi seu jeito excêntrico
que o consagrou como um dos maiores atores do mundo e é esta mesma
excentricidade que ele imprimi em quase todos os seus personagens, tendo em O
Cavaleiro Solitário, dado certo mais uma vez.
Uma coisa que também senti
falta na história foi um melhor desenrolar do romance do filme! John e sua ex
cunhada, que, apesar de ser mãe de um filho do irmão de John, seu falecido
marido, sempre o amou (a John), e a recíproca fora sempre verdadeira! Mas não
vimos muito mais do que um beijo que eles deram em cima de um cavalo, na
eletrizante cena final de ação, ao magnífico som da trilha sonora original da
cavalaria que o filme eternizou.
Aliás, podemos dizer que as
melhores cenas do filmes aconteceram no trem, o que pode também ser considerado
o centro do filme, a ferrovia, o progresso, o controle sobre o dinheiro e assim
o poder. Era isso o que ostentavam os vilões, que foram derrotados e mortos em seu
próprio objeto de desejo, quando o trem literalmente saiu dos trilhos e caiu no
mar.
Dentre os coadjuvantes, como
sempre, Helena Boham Carter, a Red, brilhou! Gostei muito de sua personagem (o
que é redundante dizer), e gostaria que ela tivesse participado mais do filme,
ao mesmo tempo em que acredito que com tanta coisa acontecendo, acrescentar uma
nova seria complicado!
Num resumo de tudo, na visão
de alguém que foi assistir a um filme no cinema por diversão, o saldo foi
bastante positivo. Independentemente disso, o filme não fez muito sucesso e
acredito que não veremos novamente o clássico “Aiô Silver” (frase que tem sua
origem no filme) nos cinemas tão cedo, o que é uma pena!